sábado, 27 de março de 2010

1.
em meio à densidade da folhagem
verde-marinho
nozes descascadas
tantas ressoam ao toqui do vento
sons minúsculos conjuntos sucessivos crescentis
até qui, após, somenti o levi
farfalhar de fulículas frescas

2.
tá táa tum
nu fundu, tâaaaam
enquantu a frondosa mangueira chacualha as caderas
da copa composta poco comportada

3.
antes qui si dismanchi
a primera gota d'água
nu duru chão
chovem galhos, folhas secas i amarelas
o vento dança mil rodopius
o ar úmidu ambienta vivamenti as quedas

4.
roncu di ursu
istrondo grave di montanha em desmoronamentu
a fomi dos céus
a profunda garganta dus céus si abri
para as crianças quandu si fecham as nuvens geladas
qui ralham trovões i as arrepiam

5.
i a profecia se faz:
- ô, capeta teimosu, sai daí, vai caí uma manga verdi na tua cabeça!

6.
daquela árvori ao ladu, peladinha,
palcu vertical da trepadera tinhosa
moradora dus céus mais altus
se pressentia u movimentu solene,
mas nenhum som nenhuma folha nenhum galhu
que ela tivesse caíra
40 imagens/seg., um esforçu magníficu,
a tensão da madeira
estalavam us nervus du troncu, dilantandu
brechas de ar que na volta se preencheriam
com mais madera
que cedia, resistência vencida.
- vencida vírgula: ô fia, num é qualqué ventinho qui mi derruba...

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