domingo, 8 de julho de 2012

Aqui, de ditadura em ditadura, 
democracia cai nos intervalos.
Cavalaria é própria de cavalos.
Um homem pode ser cavalgadura.


República com fardas se inaugura.
As botas fazem bolhas, causam calos.
Moeda fraca escorre pelos ralos.
Fuzil, neste país, ninguém segura.


Um dia, a economia desmorona.
Golpismo, Estado Novo, Redentora,
acaba tudo em pizza, em puzza, em zona.


Passa de mão em mão, como se fora
a troca duma guarda sem dragona,
sem honra ou tradição, só sucessora.


("Civil", Glauco Mattoso, Poética na política: cem poemas panfletários, SP: Geração, 2004, p. 107). É o livro do Glauco de que eu menos gostei, mas um poema ou outro dão bons panfletos.

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