domingo, 26 de setembro de 2010

"
A uma Razão

Um golpe do seu dedo sobre o tambor libera todos os sons e começa a nova harmonia.
Um passo seu é o levante dos novos homens e seu "em marcha".
A cabeça vira: o novo amor! A cabeça revira - o novo amor!
'Mude nossos quinhões, peneire os desastres, a começar pelo tempo', cantam pra você estas crianças. 'Apareça não importa onde a substância de nossas fortunas e de nossas vontades', pedem-lhe.
Chegada há muito tempo, para todos os lugares irá".

(Arthur RIMBAUD, Illuminations, Librairie Générale Française, 1998, p. 104, tradução livre)
O trabalho do pintor

Para Picasso
(...)

V

Picasso, meu amigo demente
Meu sábio amigo fora das fronteiras
Não há ninguém sobre nossa terra
Que não seja mais puro que seu nome

Eu amo lhe dizer eu amo dizer
Que são assinados todos os seus gestos
Pois a partir daí os homens
À sua grandeza são justificados

E a grandeza deles é diferente
E a grandeza deles é tudo igual
Sobre o asfalto ela queda
Sobre seus desejos ela queda"

(Paul ÉLUARD, Poésie ininterrompue, France: Gallimard, 2001, p. 62-63, tradução livre) Texto escrito entre 1949 e 1953.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

um mês aqui
(à toa destoa)

peço licença pro julio verne, mas em 80 dias dá pra dar a volta no mundo quase três vezes...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

domingo, 5 de setembro de 2010

nos anúncios de colocation as pessoas realmente procuram o ideal pra elas: "Colocatário ideal - homem, entre 25 e 30 anos, estudante, não-fumante, sem animais, solteiro e gay".
isso quando não é "Colocatário ideal - mulher, entre 16 e 99 anos, não importa, não fumante, sem animais, não importa, heterossexual (disponível para cuidar da minha filha de 4 anos)".

sábado, 4 de setembro de 2010

grande perigo na tarde do centro parisiense

Uma velhinha de parcos cabelos brancos que estava no bosque falava tracejado, que engraçado, porque além da idade ela possuía uma dentadura anti-francês. La pauvrrre! Deu três passos breves, seu sapato branco era redondo, mas muito pequeno, e tinha aspecto pesado. Amassou debilmente um pedaço de pão velho que estava num plástico transparente, jogou aos pombos e passarinhos. Após curto tempo mal podia andar, mas fez todo o esforço para sair do entorno sem ferir nenhum animal. Ela estava quase radiante e, de fato, muito satisfeita, avistou um banco de madeira assombreado à frente. Sentou-se como uma criança em uma cadeira de balanço. Com voz inaudível parecia conversar com duas ou três aves que se aproximaram mais dela. Expressava todo o carinho que cabia em sua boquinha torta. Ele passou, só deu pra notar os óculos escuros, a camisa verde e os chutes que destacaram todas aquelas penas no ar, o grunhido dos bichos. Me aliviou não ter havido nenhuma morte.

diálogo de domingo

era o quarto parque que a indígena conhecia que não tinha banheiro:
- aqui em paris é sempre bom levar papel quando a gente vai aos parques e bosques, né?, perguntou a indígena, querendo puxar papo.
- ah, sim. este é um país muito selvagem!, respondeu a francesa.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

"Água Viva", de Raul Maciel, vencedor do Prêmio de Aquisição do Porta Curtas no Festival de São Paulo em 2010: http://portacurtas.org.br/Filme.asp?Cod=9663&EXIB=2364. Me lembrou "O menino-peixe" (2009), da Lucía Puenzo.