sábado, 4 de setembro de 2010

grande perigo na tarde do centro parisiense

Uma velhinha de parcos cabelos brancos que estava no bosque falava tracejado, que engraçado, porque além da idade ela possuía uma dentadura anti-francês. La pauvrrre! Deu três passos breves, seu sapato branco era redondo, mas muito pequeno, e tinha aspecto pesado. Amassou debilmente um pedaço de pão velho que estava num plástico transparente, jogou aos pombos e passarinhos. Após curto tempo mal podia andar, mas fez todo o esforço para sair do entorno sem ferir nenhum animal. Ela estava quase radiante e, de fato, muito satisfeita, avistou um banco de madeira assombreado à frente. Sentou-se como uma criança em uma cadeira de balanço. Com voz inaudível parecia conversar com duas ou três aves que se aproximaram mais dela. Expressava todo o carinho que cabia em sua boquinha torta. Ele passou, só deu pra notar os óculos escuros, a camisa verde e os chutes que destacaram todas aquelas penas no ar, o grunhido dos bichos. Me aliviou não ter havido nenhuma morte.

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