quarta-feira, 20 de julho de 2011

em marselha tem sabão pra lavar as escadas do bonfim com laranja, lavanda e alecrim. não que seja a mesma coisa. mas tem tanto mar que bem podia emprestar pra paris respirar no seu pomar. igrejas pra salvar todo mundo mesmo que, contudo, quase ninguém queira ser salvo. as pedras de arlun se multiplicam para cicatrizar as feridas da pele e, com um pingo de fé, as do coração. penso nos quinhentos combatentes saíram de marselha rumo a paris para apoiarem a revolução de 1789 e que cantaram no caminho a canção que se tornou o hino da república. acho que os calanques devem se aparentar com a geografia grega. o mediterrâneo, o porto, o útero, este potro de batalha, essa sopa quente que liga a europa à áfrica. córsega, argélia, tunísia, frança. aqui, ali. vejo a lua na água azul-tormenta. o vento toma o corpo que sobrevoa o oceano de sentimentos que finjo distrair no porto velho de marselha, pra não me distrair da vida.

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