"A Espanha justamente, nós a percebemos de uma espécie de belveder no meio da avenida Victor-Hugo. Era noite, muito escuro ao longe. Do outro lado do Mediterrâneo se podiam ver claramente luzes cintilantes e um semáforo bastante orgulhoso que parecia lançar chamados, convites, e ao mesmo tempo colocava em suspenso quem tentasse atravessar o braço de mar, os perigos seriam numerosos e os sonhos logo se tornariam cinzas, vidas para sempre quebradas.
Achei esse espetáculo cruel, triste, cínico. Mas eu era bem o único, os passantes tinham o ar feliz. Talvez seus sonhos estivessem ainda intactos, fortes, luminosos".
(Abdellah Taïa, L'armée du salut, Paris: Seuil, p. 51-52, trad.l.)
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