quinta-feira, 28 de junho de 2012

alusão

o encanamento de ar do bloco
rompeu
torci o pescoço em direção à janela
ou-vi
o levante da multidão martelando sonhos

quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Se a fortune me tivesse feito nascer para ter algum lugar entre os homens, teria sido ambicioso por me fazer amar, mais que por ser temido ou admirado" (Montaigne, Ensaios, III, 9).

terça-feira, 12 de junho de 2012

"os espaços também adoecem"
paulo nunes
Eu quiria ter um peito
Forgado como um salão,
Brilhano de oro e prata,
Cheinho de inspiração,
Qui quando eu desse um suspiro
Caísse verso no chão...

Quiria qui os meus verso
Andasse pelos caminho,
Consolano os infelizes
E dano pão os pobrizinho

--- Juca da Angélica, "Quiria ter um peito"
em Meu canto é saudade (Patos de Minas, 2001).
Poesias faladas pelo seu Juca e anotadas pelo querido Paulo Nunes.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Não esquecemos...


Dos(as) 370 desaparecidos(as) políticos(as) de todo o Brasil reconhecidos(as) pelo Ministério da Justiça,por meio da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos* vários eram estudantes, professores(as) e funcionários(as). Desses, 50 eram da USP. Muitos outros nomes têm sido descobertos recentemente nos arquivos do DOI-CODI/DOPS, apesar de Tuma ter incendiado a maior parte dos documentos durante sua gestão.

Sabe-se que após uma tentativa frustrada de modernização da USP, promovida pelo reitor Ulhôa Cintra, em 1963 é eleito ao mais elevado cargo da administração universitária Gama e Silva. Logo identificado aos golpistas civis e militares, não tardou a obter cargos e funções no regime de exceção que se impunham tanto no nível estadual quanto federal. Gama e Silva nomeou uma comissão para investigar atividades "subversivas" na universidade, formada por três professores das faculdades de direito (Moacyr Amaral dos Santos), medicina (Geraldo de Campos Freire) e engenharia-POLI (Theodureto de Arruda Souto), que elaboraram uma longa lista com nomes de pessoas que viriam a ser expurgadas da USP e, depois, processadas diante de tribunais militares. 

Foi também Gama e Silva quem concebeu às forças de (in)"segurança", que não tinham elo algum com o quadro universitário, uma sala próxima à sua no interior da Reitoria. A partir desse "bunker" se passou a fazer o controle político e ideológico da universidade, o qual perduraria até recentemente.

Diante desses e de muitos outros fatos, é fundamental que o Conselho Universitário da Universidade de São Paulo aprove a Comissão da Verdade da USP, para que possa acertar contas com seu passado e com seu presente. 

* O livro que contém o trabalho da comissão, os nomes e uma curta biografia dos(as) mortos(as) pode ser baixado aqui.