nem conheço direito espinosa e já estou encantada. vou tentar apontar a razão disso.
pro filósofo, contingentes são os acontecimentos que não precisam necessariamente existir; possíveis são aqueles cujas causas não precisam necessariamente existir. vislumbra-se uma distinção que coloca o acento tônico não na coisa em si, no acontecimento mesmo, mas no sujeito que o experimenta e o pensa.
em ambos os casos, o sujeito ignora algo. ora, é precisamente dessa ignorância que advém o fôlego para acreditar em algo diferente do fatalismo do destino. talvez importe menos o acreditar como ato de fé que como meio a ensejar um outro tipo de experiência de vida. se parece certo que tudo esteja previamente determinado, não se deve esquecer de que há várias formas pelas quais se pode encarar o 'mesmo' fato. pode ser que a postura que se tenha diante da travessia de um rio mude não apenas a esta última, mas também às próprias águas dele, que nessas horas se parecerão bem pouco com um dado pronto-e-acabado.
cumpre não considerar contingente, possível, necessário/determinado quais descrições lógicas do mundo. espinosa está expondo aí uma filosofia ad usum vitae, isto é, para o uso da vida, para quem ousa ver e construir o possível do impossível, sem saber.
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