sexta-feira, 30 de outubro de 2009

por amor ao derrida, que nunca compreendi
a necessidade de permanecer nas fronteiras, apátrida, arcando com a revolta e a indignação pela incompreensão, vem do desejo de continuar amando o mundo. o que sinto por mim mesma não posso dizer simplesmente "é amor", devo completar, complementar, conjugar conjuntamente: amor-próprio, amores-próprios (com o hífen ao qual se segue este universo do que é, não é, contém, quer dizer 'próprio'). é um amor-próprio que não é nem pode ser apenas amor exceto no plano daquilo que eu não sou, do que fala em mim quando estou de boca fechada, do que rezo pra não ver e sonho à noite. de certo modo, é a isto que quero me referir, ao amor que precisa permanecer assim contra a minha vontade mais racional e louca por controle e apropriação. o mundo revelado não pode ser amado, porque ele já está produzido indistintamente em mim. mas o tremor de coisas que não consigo nomear e que nomeio contraditoriamente, de forma irresponsável e precária, essa agitação intradutível e dolorosa mantém vivo o que pode existir do outro em sua existência fora-de-mim nunciada. só posso amar esse desconhecido que vem e me toma sem nada me responder.

Um comentário:

Guiga disse...

Nem Derrida diria de modo mais preciso