domingo, 29 de novembro de 2009
o governo, por Hume
david HUME, tratado da natureza humana, tradução de déborah danowski - sp: ed. unesp/imprensa oficial, p. 579-580.
piloto automático
terça-feira, 24 de novembro de 2009
rabiscada
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
diálogos não-platônicos
domingo, 22 de novembro de 2009
desutopia
escuta, zé mané
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
(Lobão e Bernardo Vilhena)
Eu não quero mais nenhuma chance, eu não quero mais revanche
terça-feira, 17 de novembro de 2009
(conferir a íntegra da carta em: http://passapalavra.info/?p=14934)
a folha de s.p., esse jornal que certamente não poderia ser dito controverso - porque isso seria assumir o grande êxito de que propiciaria alguma discussão mais significativa nisto que se chamou de "esfera pública" paulista (que sequer existe) -, desde as primeiras reportagens sobre cesare battisti não hesitou nenhuma vez em nomeá-lo, nas manchetes de capa, com letras tamanho 42, "terrorista".
isso aconteceu depois de o conare (conselho nacional de refugiados) lhe ter negado refúgio e de o ministério da justiça tê-lo garantido mesmo assim. isso aconteceu antes mesmo de o supremo tribunal federal (stf) começar a julgar a existência de eventual 'conflito' ou sobreposições de funções entre os órgãos do poder executivo, assim como a obediência aos princípios constitucionais de relações exteriores neste caso. enfim, o jornaleco condenou o italiano sumariamente, contando a versão dos fatos assumida pelo governo italiano, antes de as entidades competentes brasileiras o fazerem e sem garantir ao acusado o direito de se defender, o que deveria ser um princípio dos mais elementares deste estado e do jornalismo sério.
não é muito diferente do que a itália fez contra ele e os demais membros da luta armada contra o estado fascista nas décadas de 70 em diante. de fato, talvez a mensagem de battisti de que ser extraditado para aquele país significa ser condenado à pena de morte seja mais que uma frase de efeito. não só não pôs um fim ao fenômeno fascista das décadas passadas, como o país ainda indica uma retomada das suas bases.
em fevereiro e julho deste ano, editou cinco leis que dispunham sobre o confinamento de ciganos a certas áreas predeterminadas, a denúncia à polícia de imigrantes ilegais por médicos da rede pública de saúde que os atenderem, as "rondas de cidadãos" (grupos paramilitares formados por cidadãs/os que ganharam o direito de usar cassetetes e spray de pimenta em nada diferentes das chamadas freikorps da alemanha nazista e dos squadristi de mussolini) para garantirem a 'ordem', a criminalização da imigração ilegal, o apenamento, com até três anos de reclusão, dxs italianxs que oferecerem suas casas como abrigo, a obrigatoriedade de qualquer servidor/a públicx denunciar x imigrante ilegal que procura emprego, a proibição de xs filhxs dessxs estrangeirxs serem registradxs e reconhecidxs no país (permanecendo apátridas - o que nem mesmo Hitler foi capaz de fazer!), a proibição de o/a cidadã/o italianx contrair matrimônio com um/a estrangeirx irregular.
junto a tudo isso, berlusconi pretendeu criar uma alta cúpula blindada de quaisquer tipos de demandas judiciais, imune ao direito que ele criaria, mas ao qual não se submeteria. ele parece seguir à risca o modelito de todo tirano. para a sorte geral, a lei alfano, que legitimaria a encarnação da soberania na sua pessoa e na dos três mais altos funcionários de seu governo, foi julgada inconstitucional pelo tribunal constitucional italiano. só por enquanto, segundo seus opositores avaliam, já que ele parece ameaçar a independência do judiciário, elemento já bastante conhecido da máfia.
enquanto a itália inequivocamente se engaja no caminho radical do retrocesso político mais conservador, aqui no brasil degladia-se no julgamento do que seja um 'crime político', com uma certa habilidade para esquecer que nenhum das firulas e pérolas de toucinho defendidas pelo ministro relator, nosso amado pacifista cézar peluso (como a de que a tomada de armas já indica a perda do aspecto 'político' do crime*), lewandowski, ellen gracie e britto, será apta a afastar o fato de que, no limite e ao cabo, essas palavras são bem mais pesadas do que se quer fazer supor, porque elas estão servindo para fundamentar o assassinato anônimo de battisti, ou seu suicídio repentino, sem motivação clara, como vão querer nos fazer acreditar daqui a pouco.
nem precisaria dizer que esse quadro passa bem ao largo das disposições propriamente jurídicas do caso. além da decadência e da prescrição pelo decurso do tempo sem denúncia e julgamento dos quatro crimes comuns que acusam battisti de ter cometido, ambas causas de extinção da punibilidade, poder-se-ia lembrar que não há provas materiais do cometimento das alegadas infrações e que sua conexão a battisti foi realizada por ex-militantes torturados nas prisões italianas, que trocaram a realização dessas 'confissões' por benefícios penitenciários e penais - ou seja, por pessoas de imparcialidade altamente duvidosa, devido às circunstâncias em que se encontravam.
afora isso, a situação continua esquizofrênica: xs ministrxs do stf apreciam se o que battisti teria cometido era crime político ou comum, quando o próprio governo italiano exige a extradição afirmando que o crime é político. parece piada, mas o que está acontecendo no brasil é um meio de tentar justificar a extradição em um caso nitidamente proibido pelos princípios mais fundamentais do estado. daí que se a competência é ou não do executivo ou do judiciário se mostra o de menos, uma polêmica que, no fundo, vem esconder a questão: quem se prontifica a entregar esse corpo nu aos leões famintos?
* fiquei a imaginar que tipo de crime o sr. peluso consideraria político. baterem uma margarida na cara do segurança do berlusconi é muito bonito e pode ter algo de político, mas isso seria um elogio, não um ilícito.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
por aqui não passou
- é proibido proibir
- a imaginação toma o poder!
- a barricada fecha a rua, mas abre a visão
- com a palavra os muros
- sejamos realistas, queiramos o impossível
- trabalhador(a): você tem 25 anos, mas teu sindicato é do outro século
- o verão será quente
- viver sem tempo morto e gozar sem entrave
- compram sua felicidade. roube-a
- o tédio é contra-revolucionário
- mesmo se deus existisse, seria preciso suprimi-lo
- GLOBO: a polícia tem um encontro marcado com você todas as noites, às 20 horas
(ORTF: la police vous parle tous le soirs à 20 heures)
-sob o concreto, a praia
(sob o asfalto, a liberdade - sous les pavés, la plage)
domingo, 1 de novembro de 2009
a vida é doce (lobão)
na cara eu procurava alento no seu último vestígio,
no território
da sua presença
impregnando tudo tudo que eu
não posso nem quero deixar que me abandone
são novamente
quatro horas
ouço lixo no futuro no presente que tritura
as sirenes que se atrasam pra salvar atropelados
que morreram que fugiam que nasciam que perderam
que viveram tão depressa tão depressa tão depressa
a vida é doce depressa demais
e de repente o telefone toca
e é você do outro lado me ligando
devolvendo minha insônia
minhas bobagens
pra me lembrar que eu fui a coisa mais brega que pousou na tua sopa
me perdoa
daquela expressão pré-fabricada
de tédio
tão canastrona
que nunca funcionou nem funciona
"Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além" (Leminski).