quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Jamais esquecerei o momento em que Raimund Fellinger, meu editor na Suhrkamp, me indagou durante a visita à Feira de Frankfurt, em outubro de 2004: 'Você sabe que Derrida morreu?'. Eu não sabia. Tive a impressão de ver uma cortina cair diante de mim. De repente, o alarido do saguão onde a feira acontecia tinha passado para outro mundo. Estava sozinho com o nome do defunto, sozinho com um apelo à fidelidade e com a sensação de que o mundo tinha subitamente se tornado mais pesado e injusto, sozinho com o sentimento de gratidão pelo que esse homem me havia demonstrado. De que afinal se tratava? Talvez do fato de ainda se poder admirar sem voltar a ser criança.
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Peter Sloterdijk. Derrida, um egípcio. Tradução de Evando Nascimento.

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