sábado, 26 de junho de 2010

por uma ética reflexiva

desde o início, a obra de foucault gerou grande repercussão na frança por inúmeras razões. não foram poucos os que pretenderam duelar com o filósofo, para tanto o provocando de todas as maneiras. a postura dele, ao menos em sua fase madura, foi das mais mal interpretadas, pois diante das provocações simplesmente se calava.

não reagia no momento, ao menos. negava-se a responder, a entrar no jogo que se mostrava sincero apenas em aparência. na verdade, não havia sinceridade possível no campo político. o duelo, pensava ele, só poderia resultar em duas situações, ambas detestáveis, a conversão ou a destruição de alguém. a disposição das pessoas, tal como posta em um campo desses, não permitiria outra consequência.

do contrário, ponderava motivos, refletia e publicava as objeções à sua teoria, assinalando respostas iou, não raro, deixando abertas as portas. certas questões que lhe foram opostas por pessoas e por si mesmo renderam anos e anos de silêncio - para melhor refletir (por exemplo, até a publicação do "o cuidado de si").

me lembro disso, pensando nas discussões políticas que tenho, especialmente na casa da lagartixa preta, mas também na facu. às vezes a gente não se ouve. dizer isso é trivial e profundamente verdadeiro. quando a situação está para se tornar um duelo, ganha (por todos) quem abdicar da resposta. mas também, suponho, só nos colocamos eticamente em uma discussão em que polemizamos de corpo e alma quando não perdemos de vista o silêncio que deve se abrir (em nós) após cada idéia lançada. cara, como isso é foda.

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